quinta-feira, 3 de março de 2016

OS SENTIMENTOS DOS ANTEPASSADOS ITALIANOS NA ÉPOCA DA IMIGRAÇÃO

         "Eu penso desta maneira. Pior de como eu estava não pode ficar. No pior dos casos, passarei fome lá como passava em casa. Digo bem? [...] Eu emigro para comer"(testemunho em De Amicis, 1889, 290-1).

Porto de Gênova
Fonte: http://www.lodron.net/br/hv.htm
     

      Na última década do século XIX, de acordo com Gambini (2006)o embarque no porto de Gênova era mais ou menos assim: 
  • as pessoas viajavam, mesmo em pleno inverno, vindas de longas distâncias, de carroça, a cavalo, a pé, como fosse possível. 
  • nas proximidades do velho porto, grupos que se formavam dormiam nas ruas até a hora do embarque, crianças sozinhas, mulheres grávidas ou com bebê no colo, idosos decididos a enfrentar a difícil aventura, com sacolas, um saco de grãos, algumas frutas secas, um queijo, um pão. 

Alguns dispunham de passagem paga pela Sociedade Protetora de Imigração Brasileira, alguns se arriscavam por conta própria, alguns poucos eram remediados e tinham posses.
O escritor italiano Edmondo De Amicis, em 1889, embarcou no porto de Gênova e fez a viagem dos imigrantes, publicando logo a seguir o seu relato intitulado Sull'Oceano de 1889.
A distribuição dos imigrantes pelas três classes do navio reproduzia com exatidão a estrutura social italiana, de acordo com o relato, referido por Gambini (2006): 

Os nossos antepassados italianos durante a travessia. Fonte: Stato Cotidiano
 1)  a burguesia proprietária na primeira classe (essa viajava com interesses bem mais assegurados de sucesso, pois trazia capital para investir no Brasil),
2)  o estrato médio (artesãos, pequenos comerciantes, trabalhadores qualificados, quase já operários) na segunda, 
 3)  e o campesinato pobre na terceira (campesinato seria o conjunto de agricultores).
    A estrutura social italiana, atravessando intacta o Atlântico, instala-se no Brasil mantendo as mesmas diferenças de classe da origem. Alguns tinham dinheiro, outros cultura, outros mais, habilidades e talentos especiais. Mas a grande maioria só sabia mesmo era pegar no pesado. Alguns logo acharão lugar nas cidades, outros irão para fazendas recém-abertas, ou mesmo para os descampados paulistas e gaúchos.
    De Amicis era um grande observador, e vale a pena reproduzir algumas das observações que nos deixou, especialmente no que concerne à mentalidade dos imigrantes, discutindo no porão da terceira classe, A preciosa frase de um camponês veneto, que em sua simplicidade resume as razões da imigração:
 "Mi razono in sta maniera. Di peggio di come stavo non mi può capitare. Tutt'al più mi toccherà di patir la fame laggiù come la pativo a casa. Digghio ben? [...] Mi emigro per magnar(De Amicis, 290-1)
Ou seja, a tradução seria:
 "Eu penso desta maneira. Pior de como eu estava não pode ficar. No pior dos casos, passarei fome lá como passava em casa. Digo bem? [...] Eu emigro para comer".
No Brasil, o regime escravista estava chegando ao fim. Repor mão-de-obra escrava, a partir de 1880, já não compensava mais.

Italianos no cultivo da uva no Brasil
                Fonte;http://polentanews.blogspot.pt
      
Até 1902, o governo italiano literalmente fecha os olhos para o que viesse a acontecer com seus súditos desfavorecidos além das fronteiras. Que sentimento há de ter alguém que trabalhou a terra até o limite de suas forças e que, na hora de partir com a trouxa nas costas, só encontra frieza, abandono e formulários? Aí os corações começam a partir. E a primeira partição ocorre exatamente no porto de Gênova.
A Itália querida não dirá adeus a quem embarcar no cais. Depois de 1902, instala-se uma discussão nos jornais, alegando-se com razão que os imigrantes estão sendo maltratados no Brasil, que são acometidos por malária, que trabalham num regime de semi-escravidão. Uma agitação no Congresso nacional dá lugar à criação de uma comissão que se desloca até o Brasil para investigar as condições reais a que são submetidos os embarcados pelas companhias de imigração, de que resulta um relatório minucioso e a aprovação de uma lei que estanca a imigração em 1902. Mas logo em seguida a lei vira letra morta, e os interesses econômicos multilaterais (governo italiano, governo brasileiro, bancos e agências de capitalização) novamente promovem os embarques em massa nos navios que deixam o porto de Gênova. Apesar do enorme número de italianos que vieram para o Brasil no decorrer de meio século algo em torno de dois milhões e meio, nunca houve de fato um bem-elaborado acordo comercial entre Itália e Brasil, como se estabeleceu com a Alemanha, por exemplo, caso em que foram estipulados tratamento diferenciado para os produtos comercializados entre ambos os países, quotas preferenciais, reserva de mercado etc. Nunca houve nada desse tipo entre a Itália e o Brasil, o que não deixa de estimular um questionamento dessa dimensão sombria da imigração, esse descuido recíproco que acabava relegando os imigrantes à própria sorte e às forças atuantes no mercado de trabalho.

Imigrantes Italianos no Sul do Brasil
Fonte:http://www.infoescola.com
O sentimento que vem na bagagem seria expresso por algo como: "se amar minha pátria já não posso, pois tão pouco valor a mim confere, tentarei amar esta outra, e para esta trarei comigo a que me pertence, e que perdi". Ocorrerá, portanto, uma transferência de vínculo afetivo, no sentido clássico que a psicanálise conferiu a esse termo. Imagino o monólogo interior: "preciso de um solo, de uma plantação, uma vaca, um chiqueiro, árvores, uma igrejinha, uma festa de San Gennaro, uma polenta e uma tarantella, sem isso não sei viver! Se não é mais possível aqui, como sempre foi, que então seja em outro lugar, não importa onde".
No Brasil, o complexo afetivo será vivido de forma dupla e contraditória: nostalgia pela Itália perdida e raiva da Itália que expulsava. Concomitantemente, os princípios de um amor pelo Brasil receptivo logo se fazem acompanhar por um ressentimento pelo país que obriga a trabalhar duro e passa desdenhosamente a denominar seus novos moradores de carcamanos. A duplicidade de sentimentos conseqüentemente localiza-se tanto numa ponta como na outra.

Fonte: 
Este post tem trechos do artigo:
GAMBINI, Roberto (2006). Corações partidos no porto de Gênova. Estud. av. [online]. vol.20, n.57, pp. 264-296. ISSN 1806-9592.  http://dx.doi.org/10.1590/S0103-40142006000200020

Mais leitura:
http://www.statoquotidiano.it/14/05/2015/quando-a-morire-per-mare-erano-i-nostri-emigranti/333118/

quarta-feira, 2 de março de 2016

AMEDEO FIORESE: ESCULTOR ITALIANO RECONHECIDO MUNDIALMENTE

O artista Amedeo Fiorese
Fonte: Twiter do Artista
O escultor italiano, Amedeo Fiorese, nascido em Bassano del Grappa, em 12 de Fevereiro de 1939, começou  muito jovem a modelar com argila e fazer suas primeiras figuras.
Em 1956, aos 17 anos, ele ganhou o primeiro prêmio no Triveneto Vase of Nine, de Vicenza.
Em 1958 ele completou seus estudos em arte. Em 1963, obteve a qualificação para ensinar na cidade de Pádua (Padova, em italiano), e tornou-se um professor de educação artística. Amedeo participou da Exposição Internacional de Arte de Veneza de 1958, de 1960 e 1962. O artista ganhou a medalha de ouro no Concurso Internacional de Arte em Cerâmica Contemporânea, em Faenza, de 1976. Em virtude disso ganhou reconhecimento internacional e teve as suas obras expostas em várias cidades do Japão, inclusive é possível encontrar sua obra hoje naquele país.
A partir de 1983 Amedeo dedicou-se integralmente a produzir suas esculturas e deixou de dar aulas.

Fonte: Youtube, Itaca Web Tv 

Amedeo Fiorese tem suas obras espalhadas em muitas igrejas e centros paroquiais no norte da Itália, como também em outros locais públicos. 

Cúpula da Igreja de St. Vicente, Cidade de Thiene, Itália
Fonte:http://www.fiorese.net/cupola.jpg
Em 1999, o aspecto artístico da Igreja de St. Vincent de ThieneVicenza, permitiu ao artista realizar um mosaico na abóbada da cúpula daquela igreja. Atualmente ele é o maior mosaico do mundo de policarbonato tendo uma área de 480 m², um diâmetro de 19 metros, uma altura de 6,80 m. e um número de 1.900.000 azulejos. O mosaico na cúpula é o resultado de inovações tecnológicas, (Wikipedia). 
 Amedeo expôs suas obras em inúmeros eventos internacionais e tem seu trabalho mundialmente reconhecido.
O escultor vive e trabalha em Bassano del Grappa, onde é possível ver suas obras nas três galerias permanente de sua propriedade na cidade.
Amedeo tem trabalhos permanentes na Galeria de esculturas de Palm Beach, na Flórida, na Galeria Circle em Namur, na Bélgica, na Galeria Huber em Zurique, na Suíça. Muitas de suas obras estão em muitas coleções públicas e privadas, incluindo a do Museu Internacional de Faenza, o Museu Cívico de Bassano del Grappa e do Museu Cívico de Nove (Wikipedia) .
O artista produz obras em diferentes materiais, como bronze, açoacrílico, por exemplo, utilizando um grande número de técnicas escultóricas.
Obra em Bronze: "Spaziale" (2011)
Fonte:http://www.fiorese.net/
Conheça mais do trabalho do artista na Página de Amedeo Fiorese



domingo, 28 de fevereiro de 2016

GRAPPA, A BEBIDA QUE DÁ NOME À CIDADES ITALIANAS

Fonte: Grappa Italiana 
Cismon del Grappa, Bassano del Grappa, Pove del Grappa, Monte Grappa, e etc, a "grappa" compõe o nome de muitas cidades e lugares na Itália, neste caso a região que deu origem a Família Fiorese. Mas o que vem a ser "grappa"?
A grappa ou graspa, é uma bebida alcoólica de origem italiana. Tradicionalmente é feita de uva. A grappa já existe desde a Idade Média.
Possui entre 37,5% e 60% de álcool. É uma bebida feita por destilação de resíduos de bagaço de uva (principalmente as cascas, mas também os engaços e sementes).

Fonte:Marbellaplus
Foi originalmente feita para evitar o desperdício, utilizando sobras no final da época vinícola. O sabor da grappa, como do vinho, depende do tipo e qualidade da uva utilizada, bem como as especificidades do processo de destilação.


A grappa tem a particularidade de ser aromatizada por uma erva chamada arruda.
Graspa é o nome mais utilizado no Brasil para esta bebida de origem italiana.

Fonte: http://dicionarioportugues.org/pt/graspa

Curiosidade da graspa no Brasil: Laurentino SC

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

LISTA DOS BRAVOS FIORESES DA ITÁLIA, MORTOS NA 1ª GUERRA MUNDIAL


               
    Os Fioreses que morreram na 1ª Guerra Mundial, conforme informações, encontram-se listados a seguir:


NOME
INFORMAÇÕES
Fiorese Antonio di Gio Batistta
Nasceu em 03 de Julho de 1897, Cismon del Grappa
6º Soldado Alpino
Morreu em  05 de Dezembro de 1918, doente no hospital do campo nº 130.
Fiorese Antonio di Luigi
Nasceu em 01 de Março de 1881, Treviso
214º Soldado da Infantaria
Morreu em 30 de Maio de 1918, doente na prisão
Fiorese Antonio di Pietro
Nasceu em 05 de Abril de 1891, Bassano del Grappa
4º Soldado Alpino
Morreu em 18 de Julho de 1916, em combate no Monte Caldiera
*Fiorese Antonio di Pietro
Nasceu em 21 de Abril de 1895, Bassano del Grappa
35º Soldado da Infantaria
Morreu em 29 de Maio de 1917, em combate no Carso
Fiorese Bernardo di Antonio
Nasceu em 29 de Março de 1896, Cismon del Grappa
2º Cabo Maior Alpino
Morreu em 25 de Junho de 1917, em combate no monte Tre Cime di Lavoredo
Fiorese Bortolo di Giovanni
Nasceu em 02 de Junho de 1888, Cismon del Grappa
4º Soldado Alpino
Morreu em 22 de Outubro de 1915, em combate no monte Nero
*Fiorese Celeste di Pietro
Nasceu em 28 de Dezembro de 1883, Bassano del Grappa
6º Soldado Alpino
Morreu em 28 de Janeiro de 1918, em combate em Asiago
Fiorese Francesco di Francesco
Nasceu em 18 de Agosto de 1893, Cismon del Grappa
9º Soldado da Artilharia da Fortaleza
Morreu em 18 de Dezembro de 1917, na 88ª sessão de saúde de feridos em combate
Fiorese Francesco di Giovanni
Nasceu em 31 de Julho de 1883, Cismon del Grappa
6º Cabo Alpino
Morreu em 9 de Março de 1916, em Giudicarie numa avalanche
Fiorese Francesco di Pietro
Nasceu em 18 de Agosto de 1889, Cismon del Grappa
1º Cabo Alpino
Morreu em 2 de Julho de 1917, no hospital do campo nº149 por ferimento em combate
Fiorese Giacomo di Antonio
Nasceu em 20 de Outubro de 1885, Cismon del Grappa
214º Soldado da Infantaria
Morreu em 10 de Janeiro de 1918, doente na prisão
Fiorese Giacomo di Giovanni
Nasceu em 18 de Junho de 1896, Cismon del Grappa
27º Soldado da Infantaria
Morreu em 29 de Janeiro de 1920, doente em Maglione Canavese
Fiorese Giovanni di Giacomo
Nasceu em 17 de Junho de 1893, Cismon del Grappa
6º Cabo Maior Alpino
Morreu em 14 de Fevereiro de 1916, na bacia de Plezzo ferido em combate
Fiorese Giovanni di Paolo
Nasceu em 10 de Setembro de 1889, Cismon del Grappa
6º Soldado Alpino
Morreu em 10 de Maio de 1916, na bacia de Plezzo ferido em combate
Fiorese Giuseppe di Domenico
Nasceu em 20 de Fevereiro de 1895, Sovizzo
20º Soldado da Bateria de Bombardeiros
Morreu em 15 de Outubro de 1917, na 4ª sessão de saúde por ferimento
Fiorese Luigi di Giovanni
Nasceu em 24 de Maio de 1887, Marostica
2º Soldado Granadeiros
Morreu em 20 de Novembro de 1915, no hospital do 11º campo, por ferimento
Fiorese Luigi di Luigi
Nasceu em 28 de Março de 1894, Marostica
75º Soldado da Infantaria
Morreu em 24 de Dezembro de 1916, na 7ª sessão de saúde por acidente
Fiorese Matteo di Domenico
Nasceu em 24 de Junho de 1894, Cismon del Grappa
1392º Soldado da Artilharia
Morreu em 13 de Novembro de 1917, em combate em Piave
Fiorese Sante di Gaetano
Nasceu em 1 de Janeiro de 1900, Cismon del Grappa
95º Soldado da Infantaria
Morreu em 17 de Setembro de 1917, doente em San Giovanni di Medua

*Filhos de Pietro Fiorese, irmão de Agostino Fiorese.
As informações foram obtidas através do site: www.cadutigrandeguerra.it

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

MERICA MERICA: QUE COISA SERÁ ESTA AMÉRICA?

           Uma música, de 1875, marcou o período de Imigração Italiana. Merica-Merica, embalou os sonhos dos italianos que vieram rumo a América no século XVIII e meados do século XIX. Ainda hoje é cantanda pelos descendentes destes bravos aventureiros.
           O vídeo (Youtube) traz a música e a seguir está a letra e a tradução da mesma.



Merica Merica


Dalla Italia noi siamo partiti
Siamo partiti col nostro onore
Trentasei giorni di macchina e vapore,
e nella Merica noi siamo arriva'.

Merica, Merica, Merica,
cossa saràlo 'sta Merica?
Merica, Merica, Merica,
un bel mazzolino di fior.

E alla Merica noi siamo arrivati
no' abbiam trovato nè paglia e nè fieno
Abbiam dormito sul nudo terreno
come le bestie andiam riposar.

Merica, Merica, Merica,
cossa saràlo 'sta Merica?
Merica, Merica, Merica,
un bel mazzolino di fior.

E la Merica l'è lunga e l'è larga,
l'è circondata dai monti e dai piani,
e con la industria dei nostri italiani
abbiam formato paesi e città.

Merica, Merica, Merica,
cossa saràlo 'sta Merica?
Merica, Merica, Merica,
un bel mazzolino di fior.

Merica, Merica, Merica,
cossa saràlo 'sta Merica?
Merica, Merica, Merica,
un bel mazzolino di fior.


TRADUÇÃO PARA O PORTUGUÊS:

América- América


Da Itália nós partimos,
Partimos com a nossa honra
Trinta e seis dias de carro e navio
E na América chegamos

América, América, América,
É um lindo ramalhete de flores.
Que coisa será esta América?
É um lindo ramalhete de flores.

Na América nós chegamos
Não encontramos nem palha e nem feno
Dormimos sobre o durop terreno
Como os animais, repousamos.

América, América, América,
Que coisa será esta América?
América, América, América,
É um lindo ramalhete de flores.

A América é longa e larga
É formada de montes e planícies.
E com o esforço dos nossos italianos
Construímos vilas e cidades.

América, América, América,
Que coisa será esta América?
América, América, América,
É um lindo ramalhete de flores.

América, América, América,
Que coisa será esta América?
América, América, América,
É um lindo ramalhete de flores.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

SOBRINHOS DE AGOSTINO FIORESE, MORTOS NA GUERRA, RECEBEM HOMENAGEM EM BASSANO DEL GRAPPA

Fonte: Google/Italian_front_(World_War_I)
A Primeira Guerra Mundial foi uma guerra global centrada na Europa, que começou em 28 de julho de 1914 e durou até 11 de novembro de 1918. O conflito envolveu as grandes potências de todo o mundo, que organizaram-se em duas alianças opostas: os aliados e os Impérios Centrais. Mas a Itália não entrou em guerra em 1914. A Itália lutou pelos Aliados um ano depois.
Foi então que entre 1915 e 1918 o norte da Itália viveu momentos de guerra. Houve uma série de batalhas nas quais se confrontaram os exércitos da Áustria-Hungria e da Itália. O reino italiano esperava ganhar a região de Trento e o porto de Trieste, assim como as província de Bolzano-Bozen, Ístria e Dalmácia.
A Itália enviou à guerra cerca de dois milhões de combatentes e pelo menos um terço destes morreu em batalhas.
Dezenove Fioreses  morreram nesta guerra, como se pode observar na relação de nomes na imagem:
Fonte: cadutigrandeguerra.it
(Se clicar na imagem ela se amplia)
 Porém, dois nome nos chama atenção. 
O irmão mais novo de Agostino Fiorese, Pietro Felice Fiorese, nascido em 1855, ficou na Itália. Pietro casou-se com Costantina Vivian e o casal teve  quatro filhos, sendo eles:
Celeste (28 de Dezembro 1883), 
Giovanni  (05 de Maio de 1886),
Giovanna (08 de Janeiro de 1888), e
Antonio (21 de Abril de 1895).

Antonio Fiorese que nasceu em Bassano del Grappa, em 1895. Antonio era o 35º soldado do regimento de infantaria e  foi dado como morto em 29 de Maio de 1917 defendendo o Estado Italiano. Ele desapareceu em Carso, no nordeste da Itália, em combate.
Um ano depois, foi seu irmão mais velho, Celeste Fiorese, que morreu. Celeste nasceu em Bassano del Grappa, em 1883, fez parte da Frente Alpina, como era conhecido o exército italiano, e era o 6º soldado do regimento da infantaria. Ele foi morto no dia 28 de Janeiro de 1918, no planalto de Asiago. O sobrinho de Agostino morreu em combate. Celeste era casado com Giovanna Campagnolo, desde 1908.

A Vila Sant'Eusebio, em Bassano del Grappa, tem um memorial aos mortos na guerra. E o nome de Antonio e Celeste, e outros Fioreses, são homenageados no monumento.

Como na Itália há nomes iguais, para diferenciar uma pessoa de outra, eles então se referem , ou referiam, ao nome do pai. 
Então, Antonio e Celeste no monumento estão com a seguinte grafia: Fiorese Celeste di Pietro (Celeste filho de Pietro) e Fiorese Antonio di Pietro (Antonio filho de Pietro). Na Itália o sobrenome vem primeiro. E há duas maneiras de dizer que se era filho de alguém. Outro exemplo, o "Fiorese Antonio fu Nicolò", que se vê na foto, seria filho de Nicolò, ou eles usam o "di" ou usam o "fu" para dizer "filho de".

Fontes: 
Wikipedia
http://www.cadutigrandeguerra.it/CercaNome.aspx
http://rete.comuni-italiani.it/wiki/Bassano_del_Grappa/Monumento_ai_Caduti_in_Guerra

         

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

LA FAMEJA: A POESIA ITALIANA QUE EXPRESSA A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA



Parte da Família Fiorese do Sul do Brasil

No post Os Fioreses da Itália também festejam os laços de parentesco vimos que uma poesia sobre a família marcou a primeira festa dos “primos” italianos, realizada em 2007, na Itália.

Pode-se perceber em cada linha da poesia a importância que tem a família para um italiano, no caso para os Fioreses. Especialmente o papel da matriarca, a "mamma". 
Aqui encontra-se a tradução da  poesia La fameja (a responsabilidade da tradução é deste blog). A autoria da poesia é desconhecida. 

ITALIANO (DIALETO)
PORTUGUÊS

LA FAMEJA
La fameja dove che se nasse
Dove che se vive co i genitori
Xe come un tempio sacro de amor

Le gioie semplici e pure
Piene de afeto e de calor
Che te trovi nea fameja
Nessun su la tera de po dar

Grassie a quel angelo de’ a mama
Che ne ga dondolá su la cuna
Quando che se jera ancora cei

Que a stessa man liziera de fata
Tien in pie el mondo
Unico refugio che te impenisse el cuor

Ogni anema umana de lontan,
Sente al richiamo de a fameja, de’a casa,
Come un porto sicuro par approdar,
Dove te te sinti ripará e te trovi
Calor, amor, riposo, e pace


I muri de’a casa te i sente
Come do’brassi che te strenze
Co’ deicatessa e amor, nel cuor
Te sente la gioa de aver
‘na fameja e ‘na casa



A FAMÍLIA
A família onde se nasce
Onde se vive com os pais
É como um templo sagrado de amor

A jóia simples e pura
Plena de afeto e de calor
Que se encontra na família
Nenhum lugar na terra te pode dar

Graças aquele anjo da mãe
Que o balança em seu berço
Quando se era ainda pequeno

Que a mesma mão leve de fada
Tem em pé o mundo
Único refúgio que te completa o coração


Hoje anima o homem de longe
Sente uma recordação da família, de casa,
Como um porto seguro onde ancorar,

Onde se escuta os reparos e se encontra
Calor, amor, descanso, e paz


As paredes de casa te sente
Como os braços que te abraçam
Com delicadeza e amor, no coração
Sente a alegria de ter
uma família e uma casa